Meretriz ao natural

Depois da noite, sempre vem o amanhecer...
Fenômenos naturais, naturalmente naturalizados.
Que não podem ser impedidos,
apenas observados.

Com que olhar, o faz, o meretriz?
Que se prostitui todo o tempo,
vendendo o que com o tempo,
nem mais se constitui a tempo.
Com tal olhar, observa?
Tão pública se torna,
tão mais vil retorna,
e não mais se transtorna.
Com o olhar, que institui.
E não aceita refutações.

Mas os olhares tão tantos,
e tamanhos são os olhos,
e de variedade tal!
Como é possível então, instituir uma só razão?
Um só método, uma só questão?

Depois do dia, a tarde cai, e o sol se põe.
Mais fênomenos naturais naturalizados,
que impostos, se configuram em simples
figurantes da figuração em que a humanidade se constitui.

Não esperemo-lo, meretriz!
Abomine a si mesma, numa crise identitária.
Repugne a sua vida, numa crise ideológica.
E não espere.
Mas faça acontecer o que se diz natural.
E veja com prazer, o que natural é.
Veja com seus olhos.
E não por lentes.

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