Da pedra e do circular

No meio do caminho
vi uma pedra.
Não parei para enxergá-la
e a coloquei na bolsa.
Tempos depois,

no meio do caminho
vi uma pedra.
Achei bom,
(uma coleção!)
mas não enxerguei-a
e de novo,
coloquei-a na bolsa.
Novamente,

no meio do caminho
vi uma pedra.
E isso aconteceu
tantas e várias vezes.

Pobre de minh'alma!
Tão torpe e vil.
Não percebia eu:
que minha bolsa estava furada
(bagagem não tinha nenhuma)
e que a pedra
era a mesma,
pois eu andava em círculos.

E continuei a vê-la.
Oxalá, Drummond que eu
enxergue.

[ Tarde do dia 23/06/2010
Durante umas leituras. ]

Busca

Palavras:
que no auge do seu silêncio,
gritem aquilo que não ouviria.
- Mas há quem ouça!

Que vendo de tão perto,
subjuguem minha visão periférica.
Busco, palavras.

Consolo, remediado

Grilhões tardios
de escolhas mutantes
Pulsantes
em uma certa jugular

Fluxos irremediáveis
imagéticos e futurais
Um caminho a ser escolhido
Acompanhado de um jamais
Esquecido de meu ser
(pel)a obrigatoriedade de
estar.

E ao optar pela rota
do sopro que me define
na fresta que me leva
à queda dum castelo de cartas
que foi armado
pelo letal destino
do não ser, inteira e mente

Se sendo fosse, não seria (...)
Para então ser consolado
pela palavra de liberdade
que (o) imaginativo outro diria

[ 07/07/2010
> do fazer um poema com Andreza, à tarde ]