Lembrete pós-escrito

E que não esqueçamos
de que certas coisas
maquiadas, se fazem de
olvidadas

Olvidadas,
não se desmaqueiam
e não se esquecem de nós

Nós não podemos
permitir que elas
(fetiche)
se façam maiores

Maiores que a força
que possui a palavra
dita
e a história
vivida
e a ação, a luta:
de um primaveril.

Mapa branco de fundo azul

Azulei.
Em pleno fundo azul,
Em projeção azimutal
E desenhos brancos.

Azulei.
E não o fiz azedamente
Num momento azado
Feita para tal.

Azulei
Omissa desde o princípio
Nebulosa e para
União.

Não perceberam que eu,
serva tão pueril
promulgava interesse
do seu dominador
- mais servil.

Dorólogo

Dilacera.
Flagela e se apresenta cru
como eu a você.

Mas com meus gritos guturais
Atenda a meu ritual
que lhe clama para longe.
Eu, que não posso te arrancar
com unhas, nem armas

Pare de completar a mente.
A minha mente, completamente
E a deixe livre
Para justamente o que
de justo minha mente deveria
Pensar.

E quando no espelho
Possa olhar e não
ver.
A tua face, ríspida.
A minha face, frígida.

E que eu não precise
Imersar no escuro
por obrigação.
Mas só pelo fato de
No escuro enxergar
com mais atenção.

Afasta-te.
É meu canto agudo.

Sem título

Do avesso,
Perene
Intacto e bulido.

Cansado estou
E cada dia tenho mais dissabores.
Diz-se dos sabores
Ocres e insossos
E no gargalo das garrafas
A serem tomadas, sente-se o gosto
Da atualidade.

Grito surdo
E me desdeixo incólume
Eco imundo
E me vejo definhado

Desfio os desafios
Dez a (cada) fio louco
E desfiado em torno
Do não me sou

Estranhado no espelho
- não me reconheço
Porque eu sou
um mudo,
e envelheço.

Respunta

Quem teima em perguntar, tem perguntas.
Quem busca responder, tem respostas.

Existem perguntas
(que bom!)
que não tem respostas
(e nem precisam delas...)

E quem tem perguntas, tem muito.
Mas quem tem respostas... Não tem nada.

Quem tem respostas.
Quem faz respostas.
Quem delas vive: não tem nada.

[ 08/06 - 10/06/2009
> de conversas que instigam. ]