Estrelato

I
Desejo quente
Desejo escuro
Desejo-te lua!
Sol, que desejo impuro.

Mas um certo dia
Depois de tanto esperar
A lua poderia
Num passado distante
Do sol beber.

Bebeu e bebeu.
Sem dias sem noites.
Dias escuros e noites claras.
Vai entender o mistério de um dia
anoitado.

Mas o impacto foi grande.
E no céu, nasceram estrelas.




II

E Deus riu
Porque o pecado é proveitoso
A lua, pó sem luz
(pois deu ao sol)
ainda tinha as noites iluminadas

E Deus castigou
Porque o pecado tem salário
O sol, luz frívola
Separou-se
E os raios ultravioletas
São somente lágrimas
Roxas de raiva

E Deus desceu
Um pouco, para ver o espetáculo
Da lua, separada do sol
Do sol, distante-luz da lua

E eles vivem.
Bem
- para desgraça do criador.

Pura mentira

A verdade se sentia só:
Só um vazio solitário.

Passou por uma porta
Encontrou a mentira.
Olhou para trás
nada havia;
Olhou para si
só a mentira, que sorria.

Voltou e repetiu o feito
Atravessou
E encontrou um espelho.

Da dor da relva pisada

Do vento soprar
Agressiva ou
Docemente

Da garota correr
Rápida ou
Inconsequente

Da relva suportar
Calada ou
Conformadamente

Havia uma relação curiosa
Triângulo amoroso amor.

Do vento beijar
Ousadamente, a menina.
Da garota pisar
Impiedosamente, a relva.
Da relva sentir
Amorosamente o amor dos dois.
E amar, quem sabe o que
Alguém ou a situação a que se punha?

Mas o vento pára
E vai se divertir em outro lugar.
E a garota cansa
E vai deitar para descansar
Voluptuosa ou inocentemente
E a relva delira.
E saboreia o suor que brota
dos poros da menina
Mas só para isso servirá

Os amados nunca olham para seus suportes.
E irão embora sem nem dar adeus.
E os amantes mentem
Para vida e para si próprios
Para alimentar suas raízes.

[se eu ler isso mais uma vez não vou gostar]

Da melancólica (angústia) pluvial

Desde seu formato
A chuva luta contra o ar
Aquele que presente em todo lugar
Cede e dá passagem
Ao cortante pingo de água

Qual sua intenção, chuva?
Vencendo o onipresente
Dando no ar um tapa de luva?
Devassa, imagino sua angústia

Depois de vencer tão forte inimigo,
se perder, na superfície crua
que te recebe, te usa
se te agradece é permitindo-a
voltar vaporizada aos algodões celestes.

Pobre, podre e amaldiçoada
Tua angústia em servir e nunca ser servida
Pois todas as coisas necessitam
de ida e volta,
de prestações e préstimos.

Vós também, mesmo que não saibam
Coisas são.
E mesmo que não tenha o poder de
toque
Coisas são.
E indepentende de se dissolver no
contato
Coisas são.

Mas vá, chuva.
Continue.
E apesar de tudo:
chore.