Gosto do litoral

Olhando para o mar
E para a infinitude de grãos de areia
Tantas coisas interrogo

Perdida no silêncio das ondas
Na longevidade do horizonte
Tantas coisas exclamo

O beijo do vento
O abraço salgado da água
De tantas coisas me lavam
De tantas saudades me curam

Coisas do movimento-
mecânico da praia que salga,
tempera as angústias e reflexões
com sua infinitude e suas próprias razões.

Beija flor


Provava feito beija flor
De todas aquelas informações
Fontes inesgotáveis

Precisava de muito néctar 
(asas que continuam farfalhando)
E por isso sempre insistia
no néctar fast food:
pra não se manter de fora.

Por vezes ignorava o pólen 
que se impregnava
no seu beijar

O pólen no beija flor globalizado
Era por vezes nocivo
A flor que lhe recebia o beijo,
em real um bebedouro plástico

Mas seguia o beija flor
No seu vôo
Certo de que não haviam 
armadilhas.

Corte de cabelo

Essas madeixas
Que vão e voltam
No vaivém do tempo
Os processos
As instabilidades
As mudanças
E também as permanências.

No vaivém das tesouras
Só se traduzem

Só, somente só

A solitude segue desafiante:
desafio que me desafia
a me desafiar,
a me desfiar
pelo fiar das horas.

A solidão segue sorrateira:

me surpreendendo quando não devia
em nada solidária,
em tudo soturna
solfejando silêncios.

[28/10/17]

Pedido

Deus...! Ajuda
a achar minha grama
tão verde quanto.

[28/10/17]