Pandora

Vielas escurimundas.
Foi nelas que eu adentrei.
E caminhei por elas.
Por longo tempo, depois cansei.

Encontrei uma caixa.
( empoeirada. Antiga? Não sei.
O que fazer? Pagar uma taxa.
Alta? Talvez. Eu a comprei.

Por qual motivo minha curiosidade se controlou?
Talvez medo do que pudesse ver? Indecisão...
Não sei quanto depois enfim, a coragem me tomou.

Só percebi que a caixa era minha, ó Pandora.
Bem feito, fiz como tu. Abri o que não devia
( sem saber que mo pertencia.

Por fim, constatei de que há coisas obscuras,
desconhecidas por nós, e que somos dados a donos.
Não só caixas ou pecados como o que cometestes, tola!
E mais do que não sabermos sobre as tais:

É melhor que não tenhamos conhecimento delas.
Ou, mais apuradamente
Melhor que não as procuremos.
Ou, ao fazer, não nos arrependamos.
- Como fizeste tu, ao deixar, a esperança, a nós o esperar.

Respiração

Suspiro.
Respiro.

Mais fundo.
Um ou mais um pouco.

Emergir à superfície.
Afundar em camadas de água cada vez mais profundas.
Independente do sentido, da direção.
Há de se encontrar uma luz.
... Da saída.
... Da morte.
Ambas, são o fim.
... De um caminho.
... De um tormento.

Independente da forma. Precisa-se.
Mais que vital é, respirar.
Sentir o alegrar, o jubilar de suas entranhas, de
Pulmões.

Com o entrar do ar,
poluído e impuro,
gripado, escuro.
Escuro é o barulho que fazem os pulmões.
Escuros e imersos em silêncio.
Bem como as luzes.
Silêncio.
Silenciada e gélida.

Concreto

C
Co
Col
Cola
Cola
Cola
COLADO!

S
Su
Sup
Supe
Super
Super Bo
Super Bon
Super Bond
Super Bonder
MERCHANDISING.

E uso colas.
E grudo.
Grudo as duas pontas do infinito.
E formo um envelope.

Papelaria

Em papéis velhos estão.
Documentos.
Importâncias.
Contos.
Partituras.
Velharias.
Borras de café.
Passado.
Comido. - Traças.

Nos papéis vermelhos e rosados.
Falar.
Ou escrever?
Amor. E frutas vermelhas.

Nos papéis amarelos e alaranjados.
Escrever.
Ou rabiscar?
Rascunhos e outras coisas amarelas.

Papéis verdes. Bem como os brancos, azuis.
Novos (re)começos.
Esperanças.
A escrever.
A não sair da mente.

Em papéis velhos ou novos.
Registros.
E o porvir. Mesmo que esse já tenha ido.

- ar

Acordar.
Levantar.
Espreguiçar.
Escovar.
Arrumar.
Arrumar.
Começar a estudar.
Estudar.
Estudar.
Organizar.
Arrumar.
Arrumar.
Organizar.
Organizar.
Recomeçar a estudar.
Pensar.
Pensar.
Criticar.
Voltar a pensar.
Pensar.
Pensar.
Lamentar.
Reclamar.
Reclamar.
Estudar.
Estudar.
Eu estudo, tu estudas, estudando, estudandos.
Estudar.
Estudar.
Almoçar?
Estudar.
Isso sim, estudar.
Estudar.
Estudar.
Estudar.
Irritar
Irritar.
Estudar.
Estudar.
Historicizar.
Estudar.
Estudar.
Virar (noite).
Virar.
Virar.
Desmaiar (de fome e sono).
Por fim, me matar.

Mas porquê não...
Dormir.
Sentir (uma brisa)
Dormir.
Dormir.
Assistir (um teatro)
Refletir.
Ouvir (palavras, músicas)
Rir.
Divertir.
Rir.
Rir.
Sorrir.
Comer e comer.
Viver?
Porque... Não há tempo.
E porquê não há tempo?

Porque o mundo é pequeno demais; No tempo de andar uma esquina você chega na Ásia.
Teletransporte?
Não, cansaço e delírios.

E você percebe que sua vida se resume à verbos de primeira conjugação.
E ainda assim, sentirá falta. Sentirá.