Do verbo ensimesmar

Eu me ensimesmo.
E continuo me
ensimesmando,
na busca de
tentar conhecer
alguém mesmo,

em mim mesmo,

como eu.

Até que eu note
que o ensi-mesmo
só será ensi-mesmo
quando eu me
ensimesmar
para os outros
e deixar
que os outros
se ensimesmem
para mim.

Pés e mãos I

Se os meus pés
tocassem o chão
dos céus,
quem sabe eu levitasse
de fato
e mais alto.

Se nossas mãos,
unidas
tocassem a terra,
quem sabe
caminharíamos
unidos
de tal modo
que não fosse necessário
o dar-se das mãos.

Aleive (para Danilo)

Falava,
toda pompa,
sobre as penas.
Penas e peles,
que faziam os seus casacos.

(05/08 - 12/09)

#0001

Talvez não usasse batons, sombras e blush,

porue o mundo já é maqueado.

Não ser


e se fôssemos avesso,
seríamos contados
a verso.

e se fôssemos desenho,
seríamos lidos
com empenho.

se fôssemos nuvens,
levitaríamos,
até virar gota.
voaríamos,
até virar vento.

mas por enquanto
sejamos.
por hora
sejamos,
nós mesmos.

Botas de borracha

calço (mas aperta)
(aperta) mas manda-se
manda-se
- mas não obriga
não obriga...
(mas necessito...!)

não calça e folga.
folga e manda,
manda
mas obriga:
ora, a necessidade.

e no fim, a bota é um equipamento para proteção.

[ às 11h do dia 08/09-09/09 ]

Respiração voluntária


Tentar,
resfolegar,
tentar resfolegar,
resfolegar tentando.

Nada se resume a
tomar fôlego.

Mas esse é um bom começo;

Movimento (Para Adriane)

nada anda nada anda nada anda nada anda
nada...
anda!
anda anda nada anda nada anda anda anda
ann?
anda:
anda anda
anda anda anda
anda anda anda anda
anda anda anda anda anda anda anda anda.
nada anda anda anda nada anda, anda, anda
(...)

Notação

E no meio de toda aquela
inquietude
foi buscar nas vicissitudes da vida
sua calmaria,
aquelas que eram
as suas maiores tormentas

e foi ainda
buscar em antigos escritos
explicação
para as respostas,
embasbacado percebeu
que elas não se bastam,
nem as primeiras, nem terceiras.
E que poucas quartas e quintas
existirão.

[05/08/11]

Meandros e talvezes

Se a liberdade
estivesse reduzida
[sendo ampla, como ser pouca?
a quebrar os meus
grilhões
[como se eu tivesse essa força...
ou ao menos a enxergá-los
e na tentativa
cega de movimentar-me
para rompê-los.

Talvez tudo fosse mais prisão.

Se a minha cega visão
pudesse ver
pelo simples fato de eu não
ser mais cega
[sem cirurgia milagrosa

Talvez tudo fosse mais escuro.

Nulidade da voz

No frio que faz aqui nos trópicos
na insolidez e na insolicitude
não se tem dito ou ouvido
muita
coisa.

Sons, ouçam sua surdez!
Letras, tão juntas...
Ajuntem-se
e digam o calado.
Sombras, saiam ao sol
para se fazerem ver.

Censuraram-te?
Censuram-te com a explosão
de fatos amiúde.
Censuram-te com a multidão
de ideias esmiuçadas,
reduzidas a nada,
fragmentadas a tudo.

É um contrário natural.
com contraste nulo.
É uma distinção irresolvível.

Urgente

gente gentil,
faça me o favor
de ser gente
com toda a
gentilidade
possível.

gente como toda gente
como fostes.
gente sem lado,
gente por inteiro.
e no interior.
gente que não fica no raso,
e ainda que não vá tão 
profundo,
é profundo em ser.

queira eu, 
ser gente
como Baleia.

urgente.

Vívido

Existem em mim coisas tão vívidas.
De vidas não minhas, não me vividas.
Mas vívidas.

Objeturo-me,
na subjetividade
do objetivo.
Na certeza do conjecturado:
simplesmente por não saber
as certezas.

Que de tão incertas
Às vezes finjo não vê-las.
Medo do duvidoso,
e medo de achar o certo.

E com isso, as coisas vívidas.
Continuam, tão coloridas.
Pintando figurativamente
uma vida cinza-pálida.

Já diziam alguns:
antes aprender que viver.
(Apesar que eu lá discordo)

Reformas

Paisagens
De fome
por interpretação,
disformes.

Preferentes
por atenção,
percorres
Paisagens
disformes.

Na ânsia
por autoria
- simples conhecimento!,
recorres (a)
Paisagens:
reformes.

Rumos

Caminhos.
Terra, chão,
igarapés.
De pé,
andar em pé,
andar
andar.

Sem explicar,
sem barulho
barulho-som
sem ruído.

Diluo-me
nos acometimentos
mantimentos de cada
dia
anteriores
(superiores)
e posteriores.

São:
Muros.
São rumos.

Flauta

Ao som do seu toque
toque estridente
suave
toque
suave
melódica vida
subjeto subjetivo.
objeto, dispositivo.

Ao toque do som,
se tivesse,
dedos, pontas lânguidas.
Madeira barroca.
Rememora, assalta a mente.
Num dia qualquer,
uma qualquer sonorização.
Só pelo prazer
de lembrar.

(feito há algum tempo, concluído há alguns minutos)

Ora vale.

Era um homem
que vivia tanto
em um vale.
Que quando para uma
planície
foi (posto?),
pensava que era um
vale
mais extenso.

Perdeu-se
na imensidão daquele
vale,
e vivia tanto
que deve ter
inventado ou achado
outras
duas montanhas
(ounão...)

Sua realidade anterior
fora de si castrada.
Se passou a
transar com a outra
realidade,
ou preferia as mesmas
posições,
e
parceira,
a castração
não deixa de ser irreversível.

Tendo, Pensado... Muito.

ela guardou-se
(suas lágrimas e todo o mais)
dobrou-se e enfiou-se
na caixa de cereal matinal.

respirou fundo.
e num espaço de anos,
pensou em voltar
- Para onde meu Deus?


era só uma citadina,
ela só.
era só.
uma pobre menina,
que nem sabia andar.

Início, meio, fim?
Não sabia contar.

Pedaços

Sou mosaicada:

Mosaico assentado sobre o
teto das minhas
Madeixas multicobres
teto das minhas
Maluquices sem assento,
( sem acento )
teto de mim.

De peças disformes,
conjuntadas descontinuadamente.
De citações, ideias
filosofias mirabolantes,
De noções sem noção
nem definições.

Um tanto arbitrariamente aleatória,
Sou
uma criação divina,
criação diária,
criação vossa, criação própria.

Retorno

Olhando pro monitor,
de dedos paralisados.

Vida tão rápida e fastia
Quando as luzes
repetidas
en-rotinadas.


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Entrementes... A vida não pára e a minha mente fervilha, mesmo que não tão poeticamente quanto antes, ou até mais e não sei.

Conhece-te a ti mesmo, dizia Sócrates e relembrava Mafalda.
Que missão íngreme!

Esclarecimentos

Estou inserida em uma transitoriedade da qual eu não sei o tamanho, a dimensão, enfim.
De qualquer modo, constatei que não sei muita coisa e que continuo bem ignorante.

Enquanto não transpiro também, não posto, pois nem só de inspiração (e respiração!) viverá o aspirante a poeta.
De qualquer modo, seria muito injusto à história do meu blog fechá-lo.
Perdoem-me as baratas e os (poucos) assíduos leitores!

Da poesia

O que é a poesia,
senão como os ousados desenhos das formas do mundo?
[seja ele qual for]
De onde vem a poesia,
senão da dor
[angústia!]
que completa e foge palavras?
Quem entende a poesia?
Quem, em sua altivez de espírito, a definirá?

[ 23/01/2011 às 02:07. 'Caimento'? ]