Exílio


o deserto
decerto,
(é certo)
diz em verso
minha
necessidade.

o desterro
revela
através do
meu enterro
(e falta sossego)
minha
significação.

exilado estou,
no Saara.

Embaçado

São tantas as luzes
dos postes da rua
que não sei mais
do brilho das estrelas:
acostumada estou,
a não olhar além
presa, portanto
à terra.

[
olhar pra cima
me agride os olhos;
desnuda as ilusões
que as lentes dos óculos
(realidade fabricada)
me permite ver
eu e minha
visão aguçada
]


[06/12/2012]

Seus olhos pediam
suis, por que aos nortes
sua bússola não correspondia.

Seus dedos queriam tocar
águas límpidas, fluidas:
acabara de arrancar suas luvas.

[30/11/2012]

Opiniões nada objetivas de objetos


Meu relógio
me fitava
confuso sobre
a falta de tempo
que tenho,
quando não faço nada.

Meu guarda chuva
lamentava,
pois quando eu o usava
não sabia dividi-lo
e quando o esquecia,
não sabia aproveitar
a chuva que me molhava.

Meus pratos se assustavam
com a falta de utilidade
característica deles.
Eu sou só uma,
(eles observavam)
e eles vários,
vazios,
amontoados,
quando tantos passam fome.

Minha lixeira
se sobressaltava
com a quantidade de coisas
que eu considerava
inutilizáveis...
Mesmo reciclando tudo;
mesmo com minha vida sustentável.

Minha lâmpada da sala
iluminava calada,
mas pensava alto
que o seu clarão deveria
atravessar minhas ideias.

E eu
imaginativa
imaginava
que os objetos imaginavam.
Não notava eu
que eram reflexões
devido o tempo que me sobra,
eu não dividiria,
não alimentaria nada,
(nem a mim, nem ao outro)
jogaria no lixo,
pois não permitia que me iluminassem.
Acima de tudo,
esquecia eu,
que os objetos não são meus...
E que ilusória é
essa propriedade.

[21/11/12, Inspirada em uma tirinha]

Dos botões e costuras


Me sinto feito um botão:
desabrigado
dentro de sua casa,
perfurado de todos
os lados,
por mãos que se veem habilidosas
mas que me ferem, oh!

Com trespassos
antepassos, dispassos,
mas sem andar.

Fincado ao um tecido
que me combina e entretém,
somente por um fio.

#H002 - Novas opções (ar)

Fazer aquilo
que se faz quase nunca,
te oxigena.

(12/08/12 - 14:29)

Sou

dupla de um só,
trio de um só,
quarteto de um só,
quinteto,
multidão de um
e unidade de vários,
mas isso não é singular.

não se faz sozinho
não se refaz sozinho
não se desfaz sozinho
por que não se é só, só.

Sons antes do arcoíris

Acorde,
com acordes suaves
a corda
que nos puxa
com precisão
e nos acorda
os olhos
para
a cor da
coragem

(26/06/2012 - 16:47)

Pílula


Me desprendo ao longo da [minha
desidratação
e me desfaço:
de células a um mero conjunto
amontoado de palavras difusas,
presas pela
dialética que perfaz a existência
que me subjuga.

[31/03/12 - 11:15]

Busca (dos inconformes)


para onde vão
os textos assaltados?

para a zona
dobrada
dos ventos perdidos.

pros desdobramentos
silenciosos
embrulhados
reconsiderados pela lembrança
(de modo que se tornam esquecidos)

Não de mim

Quando me dou conta
de que estou mais no mundo do que me parece,
(e menos eu)
ou simplesmente quando
eu não me basto

Vejo que meu quebra cabeça
é feito de partes de desconheço,
e que é interminável.

De mim

eu sou, eu só, somente, o espaço entre o começo de uma
e o término de duas (e a infinitude entre, que não digo!)

Fins e (possíveis re)começos.


Fim da idiossincrasia.
Lixo de moldes únicos.
Lixão.

Poligamia de ideias.
Lixo de pensamentos.
Aterro coberto,
pra não feder mais.

Se possível for,
rompa.
Melhor ainda seria,
se você rasgasse,
rompendo não só pra você.